Da mesma forma que a interação mediada pelo computador altera a configuração do ambiente (falei neste post) e como organizamos nossas atividades (falei neste outro post), também altera como estamos participando e nos expondo. Ou seja, há uma mudança em relação a como estamos presentes um em relação ao outro. A idéia de presença sempre esteve ligada à maneira de se expor. Se estou presente, estou, obviamente, mostrando-me para os outros, que estariam me vendo e poderiam me observar. Ops! - em redes sociais não é bem assim... e com as tecnologias móveis esta questão muda mais acentuadamente. Simplesmente, a privacidade acabou. Não mais podemos nos dar ao luxo de achar que temos domínio sobre nossas vidas e as guardamos em um lugar seguro. Mas há três "poréns" e enquadres que explico adiante, com exemplos .
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Estar na rede marcado na interface - Exemplo: no Facebook, pode-se ver uma lista de pessoas que estão ligadas a um grupo e uma lista de pessoas que estão disponíveis para conversas online no bate-papo. Além disso, há a
lista de amigos propriamente dita do Facebook (pouco usada), que não é o grupo nem os amigos de bate-papo, mas um conjunto de pessoas que podemos organizar na rede para ver as postagens que estão fazendo. Sabemos que amigos podem ser pesquisados e vistos na lista de outros amigos e, dependendo da autorização de um pedido de amizade, podem se tornar nossos amigos também. Em todos esses casos, há maneiras específicas de se dispor ou se expor ao outro. Basta estar na rede que a privacidade acaba, online ou não. Obviamente, esta maneira de estar à disposição ou não vai depender da configuração contextual, como explicamos no
post com o exemplo do Gmail. Naquele caso, também há várias formas de estar à disposição, e vários tipos de mensagem podem chegar ao usuário, estando ele online ou "invisível". No caso no Facebook, a possibilidade de configuração contextual é muito maior e, consequentemente, há maior chance de variar as formas de participação.
Essas listas com indicações gráficas e textuais das pessoas indicam uma forma de o sujeito estar na rede, que é a sua
marcação na interface. Pois bem, estamos marcados para sempre sobre onde estamos e a respeito do que estamos fazendo e, quando não estamos marcados em um certo momento, há sempre a possibilidade de dizer a alguém que se está na espreita, que se deseja um encontro. Por isso, a privacidade acabou quando se vê ou não a marcação na interface.
- Estar na rede marcado na Interface para ser localizado fisicamente - podemos ter a marcação como um ponto de partida para encontros pessoais e fisicamente presenciais. Sabemos que muita gente adora dizer espontaneamente o que está fazendo ou para onde está indo. Para todas as redes, há plug-ins e aplicativos para se mostrar onde estamos geograficamente com alta precisão. Sem contar a descoberta recente sobre a capacidade de todos os celulares mostrarem onde as pessoas estão sem qualquer instalação de aplicativo ou autorização do usuário, como você pode conferir
nesta reportagem. Há
alguns formas de desabilitar esses rastreamentos, admitidos tanto pela Apple quanto pelo Google, mas algumas soluções envolvem radicalmente mudar o sistema ou o aparelho. Conseguimos, ainda, inferir sobre a localização de uma pessoa a partir da regularidade e do tipo de informação que é colocada na timeline, bem como do modo como se está escrevendo, mesmo se não houver indicação espontânea. Um exemplo: um aluno falou que eu estava de táxi a caminho do trabalho e utilizando meu celular para acessar a Internet. Ele conseguiu inferir isso pelo horário e pela maneira como coloquei o texto, breve e incompleto, mesmo sem ter a sua disposição como ver o símbolo do robô do Android - que indicaria que eu estava com celular.
- Estar localizado fisicamente em algum lugar do mundo para localização na rede - mesmo em um possível mundo físico sem Internet, temos radares, sensores, satélites, câmeras e os mais diversos dispositivos que podem coletar informações sobre nós e espalhar pela rede. Do mesmo modo que alguém que está na rede não se expõe diretamente, mas deixa pistas sobre o que está fazendo, não há qualquer necessidade de que, no mundo físico, as pessoas se mostrem conscientemente para já estarem na rede. Ter uma conta em banco, mesmo que não se faça acesso a ela pela Internet, pode expor qualquer um na rede - basta que o banco disponha os dados da pessoa em sistemas interconectados. Mas isso não seria atitude isolada do banco, pois qualquer instituição hoje em dia está conectada e como os indivíduos vivem em instituições... Mais um exemplo: em uma experiência, criei grupos no Facebook para as disciplinas que leciono. Os alunos poderiam utilizá-los a qualquer momento para postar, comentar e mostrar que haviam feito alguma tarefa, tanto em laboratório quanto fora dele e em outro horário. Pude identificar que as formas de se expor por parte dos alunos adquiriram características específicas. Um aluno postou uma mensagem no horário da aula de laboratório, mas ele não estava no momento, ou seja, o fato dele se mostrar na rede enfatizou que ele não estava no laboratório - foi quando notei que ele havia "faltado", mas estava participando da discussão. O aluno estava localizado em casa e participando da discussão na rede. Ainda em relação à localização física, poderia falar de
como os objetos do nosso mundo estão nos dando acesso à Internet, mas falarei disso posteriormente, pois é um assunto que demanda outra análise (já podemos, por exemplo, "curtir" um pacote de biscoito na prateleira do supermercado e esta situação ser compartilhada com os amigos da sua rede) .
A essas três formas de se expor e de ter aceso a informações dos outros, dependendo da configuração contextual, chamamos
acessibilidade interacional. A acessibilidade interacional no Facebook tem uma dependência muito grande da configuração contextual, já que há uma disponibilidade muito grande de
modos de configurar a privacidade e o compartilhamento de informações para outras pessoas. A acessibilidade interacional no exemplo do laboratório envolvia também a não co-presença física do aluno. Novas formas de acessibilidade interacional, contudo, devem-se à possibilidade de dispor para as pessoas formas diferentes de monitorar e mostrar a interação de acordo com sua metodologia de ensino ou seu estilo de trabalho. De todo modo, esta acessibilidade mostra claramente que podemos nos recolher em um lugar do quarto para interagir com o mundo, que nos tornamos privados para sermos públicos, enfim, que a idéia de "vida privada" realmente não existe mais - vamos ter que nos conformar, no máximo, com a vida "disponível" ou "não disponível"... e saber como tomar cuidado com o que mostramos também é bom. Veja só o que pode ocorrer com o seu trabalho:
Ou com seus filhos:
11 de junho de 2011 às 07:10
Acho muito interessante essa discussão sobre configurações contextuais, lafa. os "campos semióticos" de C. Goodwin me ajudam bastante nas análises sobre as transformações nas atividades com computadores. bom seu texto, conduzindo-me a algumas reflexões sobre os desenvolvedores de interfaces, questões sobre as quais tenho me debruçado há tempos. isso porque as possibilidades que nos são disponibilizadas para que nos marquemos na interface depende das ações de outros (os desenvolvedores). como vamos nos marcar, o que podemos fazer, onde clicar, espaços para comentar, as cores que nos indicarão como ausentes, on line, invisíveis...tudo é delimitado pelos designers, engenheiros de sistema etc. acontece (e isso tem impactos sociais sérios nas atividades de uso) que nem todos os espaços que nos situamos fisicamente requerem as mesmas possibilidades. em um ambiente educacional, as interfaces devem permirtir ações mais apropriadas a tal contexto, divagando para o exemplo, por ex., em vez de "ocupado" eu poderia estar "consultando livros/sites" "falando particularmente com o colega", etc. isso ofereceria para os demais usuários informações relevantes à interação, diminuindo a distancia entre os polos presencial - virtual, e alterando as config contextuais em prol da interação. nossos gestos migram para registros, e estes ganham peso fundamental.
11 de junho de 2011 às 07:12
reletindo ?) ;)
19 de junho de 2011 às 22:16
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3 de maio de 2013 às 07:02
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